A partir de agora seu território deve ser defendido com sua
vida. Os três metros quadrados ao seu redor correspondem ao que resta de sua
existência. Todas as demais pessoas em volta são inimigas, e vão tentar
adentrar o seu espaço, defenda-o a todo custo!!!
Provocativo! Apocalíptico! Uma guerra nuclear? Não, o trânsito de Salvador
Foto: Pipoca de Bits
Parece o roteiro de um filme pós-guerra, como Herança Nuclear (Testament) e O Dia Seguinte (Day After) ambos de 1983,
mas na verdade trata-se do dia a dia no trânsito de Salvador. Exagero? Se você
passa pelo menos duas horas diárias no trânsito assim como eu, sabe bem do que
estou falando e “heaven knows I’m miserable now”.
Realidade esta que não se limita àquela cidade, mas sim a
muitos outros centros urbanos, metrópoles ou cidades medianas.
Comecei a perceber esta mudança no comportamento a partir de
2003, quando passei a pilotar motos e a ficar mais sujeito às imprudências dos
veículos do entorno. À época observava cerca de três absurdos por dia, atualmente
então...
Congestionamentos diários
Foto: Aratu Online
De uns anos para cá, desenvolveu-se uma cultura do “I’m the best, f... the rest” por aqui.
Cada indivíduo se acha mais importante que os demais. Se tiver que parar o
trânsito para desembarcar alguém e ainda ficar de papo com este pela janela, ou
interromper o fluxo de uma faixa enquanto para-se na frente de uma banca para
comprar jornais, que assim seja.
Outro dia um motorista na BR-324 na entrada da
cidade resolveu reduzir abruptamente a velocidade na faixa da esquerda para
olhar um princípio de incêndio em uma companhia de telefones. Quem vinha atrás
tinha que desviar ou pisar no freio. E na maioria das vezes quando você
reclama... Round 1, FIGHT!
Muitas vezes o comportamento lembra o desenho da Disney como Sr. Andante, pacato e gentil transeunte
que ao virar a chave do veículo transforma-se no Sr. Volante, imprudente e cruel quando à bordo de seu carro. E olha
que este desenho deve ser da década de 1950 ou 60, e continua atual. O ser
humano está regredindo, ou melhor involuindo. Andando para trás em um moonwalk dos infernos. Como dizem por
aqui: “a humanidade está muito mal frequentada”,
e “para o mundo que eu quero descer”.
Foto: iPlay
Trata-se na verdade de um caso de falta de educação
doméstica, algo ao que parece, relegado por boa parte, independente de classe
social, faixa etária, time que torce, etc, etc. Acho até que o “barbarism begins at home”e “unruly boys/girls” mereciam “a crack on the head”.
Os “monstroristas” deveriam se conscientizar que se querem
se matar lancem-se em “a ten-ton truck”
e respeitem a vida dos demais cidadãos. Ou como também dizem por aqui “vá morrer sozinho pra lá”. Mas como vaso ruim não quebra, "there is a light that never goes out".
Foto: Blog do Tas
Em posts futuros
relatarei o que tenho observado (e até então sobrevivido) no trânsito de
Salvador e outras cidades. Quem estiver interessado também poderá relatar sua
experiência nos comentários.
A maior parte dos termos entre aspas e em itálico
corresponde a trechos de músicas do extinto grupo britânico dos anos 80, The
Smiths, através da letra ácida, irônica e sofisticada do vocalista Morrissey,
que se aplicam bem à circunstância.
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