...ou: Sérgio Maurício quer ser Galvão Bueno.
Inicialmente, iria postar resenhas sobre cada GP durante a
temporada de F1 de 2012, mas com a escassez de tempo ficou impraticável. Por
outro lado, existem outros blogs que acompanho que já desempenham este papel muito
bem, como os listados abaixo, que recomendo a todos:
Contudo, as duas últimas corridas do ano merecem uma atenção
especial. O GP dos EUA ficou marcado no Brasil por não ser transmitido pela
Globo, que priorizou os jogos de futebol em que os times apenas cumpriam
tabela, visto que o campeão já estava definido antecipadamente.
A alternativa foi acompanhar pelo canal fechado SporTV, que
tradicionalmente transmite os treinos livres ao vivo, e a qualificação e a
corrida em horários alternativos.
Durante os treinos livres é possível ver situações curiosas,
como a instalação de sensores e aplicação de tinta fluorescente para melhor
avaliação do desempenho aerodinâmico. Todavia, o som é muito mal ajustado, é
possível ouvir os sons dos motores de forma muito alta enquanto a narração e os
comentários ficam abafados.
Eventualmente vinha assistindo alguns destes treinos com os
excelentes comentários de Lito Cavalcanti, mas o ponto negativo é a narração de
Sérgio Maurício. Certamente ele está na equipe SporTV-Globo por méritos, não
conheço sua trajetória, mas ele segue a escola de Galvão de errar muito durante
a transmissão, com a diferença de reconhecer os erros e fazer graça deles e de
ficar detalhando informações banais e desnecessárias. Algo que talvez passe
despercebido por quem não acompanha as corridas com frequência, mas que
incomoda demasiadamente aos mais atentos, que buscam informações minuciosas
durante os GPs.
SM é frequentemente corrigido pelos telespectadores via
twitter e ele mesmo diz: “hoje eu estou demais”:
Ficou explicando o que significava aquela “pilha” na tela,
dizendo que tratava-se do KERS, que ia baixando quando o piloto apertava o
botão;
Narrou uma ultrapassagem da STR com grande emoção, quando na
verdade era replay;
Disse que Bruno Senna perdeu a posição para Button, mas
Bruno havia se defendido e retomado a colocação;
Webber praticamente parado na área de escape e ele dizendo
que o australiano estava perdendo muitas posições, até Lito alertar que ele
abandonou;
Afirmou que Hamilton estava poupando os pneus quando pelo
contrário, já estavam bastante desgastados na última freada, impedindo o piloto
de seguir com melhores tempos;
Ricciardo já havia ultrapassado Raikkonen e SM não percebeu,
depois corrigiu;
Disse que os helicópteros estavam a todo instante decolando
e pousando, quando os helicópteros da TV realizavam rasantes, para transmitir a
corrida;
Vettel e Hamilton ultrapassaram a Marussia de Glock, ele
disse que era a Caterham de Petrov, depois corrigiu;
Categorizou: “a ultrapassagem é inevitável”, sobre Hamilton versus Vettel. O alemão não só evitou,
como fez a melhor volta da prova por duas vezes até aquele momento
(curiosamente, no VT da Globo Galvão disse a mesma coisa);
SM narra: “Hamilton chegando perto de Vettel, que defende
para um lado e para outro”. Era Button se aproximando de Grosjean;
Sobre a corrida, não há muito mais a acrescentar, visto que
os grandes sites já explanaram amplamente. Apenas observei a F1 com cara de
F-Indy, com aquela espetacularização do evento, inclusive com Mario Andretti
entrevistando os pilotos no pódio. A TV local transmitiu a largada de uma
péssima posição, da diagonal direita, ao mesmo nível dos carros, mal
focalizando os dez primeiros carros, ao contrário da visão frontal e elevada de
outros GPs:
Largada do GP dos EUA, 2012
Fonte: TheMarioGP
Ao final, SM sai com mais uma, ao ver os pilotos com chapéus
da Pirelli estilizados como cowboys: “são os cowboys do asfalto”, lembrei dos “gladiadores
do terceiro milênio” do Galvão.
Foto: Prexamples
SM quer ser Galvão, não aquele narrador de outrora, que
torcia junto com o telespectador, transmitindo emoção, e sim o de agora, que
comete demasiados erros, comprometendo muito a qualidade da transmissão.
Clique aqui para acompanhar a resenha sobre o GP do Brasil 2012, a decisão do
título e sobre a temporada em geral.