Este Blog tem como objetivos: trazer informações técnicas, teóricas e empíricas sobre automóveis de rua (características, consumo, manutenção, comparativos, cuidados com lavagem e enceramento); rever a história do piloto Ayrton Senna, detalhando os GPs disputados; comentar eventualmente a F1 atual e outras categorias, utilizando elementos de metodologia científica na elaboração dos textos.
Mestrando na área de saúde, acompanha a Formula 1 desde o início da década de 1990. Entusiasta no cuidado automotivo, leitor e colecionador de revistas especializadas
e livros sobre Ayrton Senna.
Tenho predileção por músicas das décadas
1980-90, e gosto de pouca coisa de épocas mais recentes. Dessas poucas músicas,
resolvi rever uma esta semana e ao assistir o clip, que não conhecia, uma grata
surpresa. É ambientado em um kartódromo tipo indoor, focando na disputa entre
dois pilotos, que rivalizam desde a colocação dos macacões nos vestiários até o
fim das duas baterias, ao som do estilo synthpop.
Trata-se da música Tell Me Why, do grupo
sueco Supermode, de 2006:
Uma disputa de velocidade, belas
mulheres na torcida e diferenças acertadas na pista. Noto uma pequena
semelhança com a antiga rivalidade McLaren x Ferrari. Macacão vermelho com
pequeno logotipo amarelo na sapatilha remetendo à equipe italiana, macacão
branco com pequena semelhança aos prateados da equipe inglesa. Teria sido inspirado
na F1? Fica a dúvida.
A seguir o piloto ponteiro roda, após
acenar para a torcida, comemorando a liderança. Outra semelhança com a F1,
situação sofrida por Nigel Mansell ao acenar para as arquibancadas a poucos
metros do fim de um GP, deixando o carro morrer e abandonando a prova.
Inclusive os capacetes possuem as mesmas cores.
Até que "um novo piloto”, pra lá de
especial, assume o Kart número 08 na nova bateria, assume a liderança, e vence,
e os dois pilotos do início voltam para o vestiário se lamentando.
E como disse um amigo que também viu o
clip: “Mulheres, velocidade e gasolina, combinação perfeita”.
O Museu do Videogame Itinerante está em
Salvador desde o dia 15/07 até 05/08, permitindo aos “gamemaníacos” (expressão
das antigas revistas Ação Games e VideoGame nos anos 1990), reverem e jogarem
os sucessos da época.
Cartaz: Museu do Videogame
Foto: sennabr.blogspot.com
“Durante
o evento, os visitantes poderão conhecer mais de 200 consoles dos últimos 42
anos e ainda jogar os maiores clássicos em mais de 30 consoles de todas as
gerações”.
Cleidson Lima é o curador do museu e
proprietário da maioria dos consoles da exposição. Em entrevista à Bandnews FM
Salvador, conta que sua coleção cresceu de tal forma que não havia mais espaço
em casa para mantê-los, sendo “sugerido” por sua esposa que encontrasse uma
solução. Resolveu então compartilhar seu acervo com outros jogadores, através
de exposições.
Exposição Museu do Videogame em Salvador
Os consoles encontram-se em “aquários”,
com uma pequena etiqueta, descrevendo o histórico e algumas informações.
ODYSSEY
Encontro então o Philips Odyssey, meu
primeiro videogame, aos nove anos de idade, nos idos de 1987. Com um teclado
alfanumérico que tinha pouca utilidade, lembrava um computador. Costumava vê-lo
no antigo Paes Mendonça do Iguatemi em Salvador. Nos EUA chamava-se Odyssey 2,
por aqui teve venda discreta, pouca gente conhece, pois logo a seguir foi
lançado o Atari 2600 e seus clones.
À esquerda River Raid do Atari, à
direita, Come-Come do Odyssey
Dentre os jogos estavam os clássicos:
Come-Come, Didi na Mina Encantada, Formula 1/Interlagos/Crypto-logic (este
último o tradicional jogo da forca, que utilizava o teclado e ao final mostrava
o número de erros), Senhor das Trevas, OVNI, Esqui nos Alpes, QBert,
Tartarugas, Abelhas Assassinas, Acoplagem/Resgate e alguns com nomes bem
incomuns: Pegue o Dinheiro e Corra, Macacos me Mordam, Barricada! Demolição!
Acerte seu Número, Matemágica, Defensores da Liberdade.
Philips Odyssey
Possuía capas com designs bem trabalhados, que na verdade eram livretos com informações, com grande estímulo visual que instigavam as crianças a obter os jogos. Recomendo visitar: http://odysseybrasil.blogspot.com.br
Seguindo a ordem cronológica, o Atari
2600, segunda geração de videogames, que me foi presenteado em 1988. Mega sucesso
de vendas e bastante difundido, hoje é item cult
dos Anos 80. Possuía inúmeros fabricantes de clones e de jogos, (Polyvox, CCE,
Dynacon, Milmar, Supergame, Dactari, Activision). Dado o seu sucesso, era comum
emprestar cartuchos entre os amigos.
Cartaz simulando TV antiga com um dos jogos mais populares do Atari 2600: Enduro
Dentre diversos títulos estão: Enduro,
River Raid, Pitfall, Pac Man, Keystone Kappers (chamado de “Pega Ladrão”), Smurfs,
H.E.R.O., Frostbite, Freeway, Megamania, Donkey Kong, Tank Attack, Moon Patrol,
Seaquest, Jungle Hunt, Bobby is Going Home, Atlantis, Superman, Adventure,
Boxing, Arkanoid, Entobed, Star Wars, etc, etc, etc. Além de bombas de jogos
horríveis como E.T. e Mr.Chin. A Atari ainda lançou os modelos 5200 e 7800, que
não obtiveram o sucesso esperado.
Atari 2600
SEGA MASTER SYSTEM
O próximo console foi o primeiro que
avistei na exposição, a cerca de 50m de distância, do segundo piso. Um grande
clássico, obtido nos idos de 1990. Primeiro console de terceira geração (8
bits) à venda no Brasil. Parceria da Sega com a Tec Toy, empresa de brinquedos
que ocupava o recente nicho de diversões eletrônicas. Pouco antes o “Pense
Bem”, também pertencente à companhia, era o produto de desejo das crianças do
país. Possuía bons gráficos e jogos adaptados dos fliperamas, como After Burner
e Double Dragon. Era muito superior ao Atari 2600. Muito bom videogame, mas não
teve a mesma penetração no mercado que os similares da Nintendo. Teve mais
sucesso na Europa que nos EUA. Possuía em geral jogos fáceis de “zerar”. Comprei
o meu na Loja W.Shock ou W.Som, não lembro bem o nome, no Shopping Barra de
Salvador, local hoje ocupado pela loja Ortobom, no corredor da Perini.
Master System
Havia um programa na TV que passava
dicas dos jogos, e só agora descobri que era apresentado por Rodrigo Faro, veja
no vídeo abaixo. Lembro de um outro na TV Manchete.
Havia também a Hot Line Tec Toy, que
apresentava mensagens gravadas, mas também era possível falar com um atendente,
que dava dicas sobre os jogos desejados, ainda lembro do número que era
anunciado nas páginas das revistas de videogame: (011)260-3877.
Os diversos modelos de Master Systems no Brasil
Dentre os bons jogos estavam os quatro
que possuía: Double Dragon, Shinobi, Golden Axe e E-Swat além de Black Belt,
Alex Kidd in the Lost Stars, Alex Kidd in the Miracle Word, Astro Warrior,
Jogos de Verão, Hang On (que vinha na memória), Out Run, Vigilante, Golden Axe,
Ghouls’n Ghosts dentre muitos outros. Havia também o jogo oculto do labirinto. Os
jogos eram divididos por sua resolução, dois megas, quatro megas.
Pesquisando sobre os jogos do Master
System, lembrei que fiz a edição de alguns dados da Wikipedia há muitos anos e
continuam no ar:
“Alex
Kidd in The Lost Stars - ... Ótimos gráficos, boa jogabilidade, destaque para a
fase do espaço, com super-pulos;
Black
Belt - Jogo de luta de rua, versão do japonês Hokuto No Ken, porém mais fácil.
Músicas bem elaboradas, bons gráficos e lutas estilo Street Fighter com os
chefes no fim dos estágios são os pontos fortes deste jogo.
Double
Dragon - Boa conversão dos arcades deste clássico dos games de luta de rua. 30
giratórias na fase final garantia continue infinito.
E-SWAT
- Jogo de ação estilo Robocop, nas primeiras fases o policial deve provar sua
capacidade em vestir a armadura ciberbética. Nas fases seguintes seu poder de
fogo aumenta e poderá utilizar armas especiais mas com uso limitado. Músicas
bem elaboradas e chefes legais de se enfrentar.
Havia também acessórios, que podiam ser
utilizados nos jogos. O Rapid Fire era um pequeno adaptador, que colocado entre
o joystick e o console permitia acionamentos constantes dos botões,
pressionando apenas uma vez. Ideal para jogos de naves com tiros, mas péssimo
para outros que possuíam função de pulo. Jogos de tiro em primeira pessoa
exigiam a pistola Light Phaser, baseada no personagem do jogo Zillion. Dentre
os jogos estava o Wanted, estilo faroeste e o Safari Hunt, que também vinha na
memória. Outro acessório era o óculos 3D. Um sonho de consumo para poucos, eu
mesmo nunca utilizei nem vi.
Esta também foi a época das revistas
sobre videogames: Ação Games, VideoGame (possuo até hoje as primeiras edições)
e posteriormente Supergame (somente jogos da Sega) e GamePower (somente jogos da Nintendo). E das locadoras
de jogos de videogame. Frequentava a SóGames do Barra Center em salvador.
E aqui a versão portátil, com o tamanho
de uma fita VHS, o Game Gear, que tinha menor capacidade de gráficos:
Game Gear, o 8 bits portátil da Sega
O popular e recente desenho “Apenas um Show” (Regular
Show) exibido atualmente em canais fechados, faz diversas referências aos Anos
80, inclusive o videogame da dupla é um Master System, apesar de o chamarem
apenas de videogame. Faz referência a um jogo similar ao Double Dragon, chamado
“Caras bons de briga”, se não me engano, além da Power Glove da Nintendo.
Pesquisando, vi também a origem do fato
de muita gente chamar cartuchos de fitas, que decorre de que alguns jogos e
consoles antigos eram carregados através de fitas K7.
NINTENDO ENTERTAINMENT SYSTEM (NES 8
BITS)
A seguir, um console que trouxe outra
rivalidade, a exemplo de Odyssey x Atari, mas em dimensões muito maiores, e que
se estendeu por anos e envolveu diversas plataformas. Sega x Nintendo, Master
System x NES. Começou suas vendas no Brasil pouco após a chegada do Master
System. Mais barato e com maior disponibilidade de títulos, apesar de uma
pequena inferioridade nos gráficos e cores, alcançou maior popularidade.
Super Mario 3, NES
A exemplo da Atari, possuía mais
fabricantes de jogos e de consoles. Por aqui dispúnhamos do Phantom System da
Gradiente, Top Game VG-9000 da CCE (pra mim o melhor, incluindo seu joystick
pequeno e justo. Vinha com o jogo Tiger Heli) e Turbo Game VG-9000T (muito
parecido com o Top Game, mas possuía botão turbo, com a mesma função do Rapid
Fire do Master, mas um péssimo controle direcional e design invertido em
comparação ao Phantom).
Phantom System, da Gradiente do Brasil
Como a Nintendo produzia jogos e
consoles com entradas diferentes, havia o padrão japonês de 60 pinos e o
americano de 72, o que exigia adaptadores entre os sistemas.
Controle do Phantom System
O Top Game surgiu
como alternativa aos adaptadores, uma tampa que deslizava liberando um dos
padrões.
CCE Top Game VG-9000
Curiosamente, em 1991, fui a um posto de
anúncio do jornal A Tarde para colocar meu Master à venda para posteriormente
comprar um Top Game, mas o funcionário disse que tinha um Phantom e estaria
disposto a permutar. Veio com a Pistola Laser Gun e 11 cartuchos: Ghostbuster,
Super Sprint, Pitfall, Excite Bike, Duck Hunt, e Top Gun no sistema americano e
Robocop, Jaws, Super Mario 3, Megaman 3 e Ninja Gaiden II no sistema japonês,
além de comprar posteriormente Tartarugas Ninja 2, na antiga Mesbla da Avenida
Sete e The Simpsons: Bart vs. The Space Mutants.
Aqui o console original que gerou os
clones. Creio que só vi um em funcionamento à época.
NES 8 bits.
E aqui o Geniecom, que só via nas
revistas, até que um amigo vindo do Mato Grosso, que possuía um exemplar mudou-se
para minha região.
Geniecom
Dentre outros bons jogos não citados
anteriormente estavam: Double Dragon 1 (a versão do Master era melhor) e 2, Contra,
Battletoads, Elevator Action, Jackie Chan, Castlevania, Batman, Bad Dudes,
Tetris, Gradius, Arkanoid, Circus Charlie, Track & Field, Punch Out e
muitos outros.
Havia um desenho animado ambientado no universo da Nintendo denominado "Capitão N", em que os personagens eram os protagonistas dos jogos Megaman, Kid Icarus e Castlevania (Simon Belmont, com dublagem de Garcia Júnior, dublador de Van Damme entre outros), passava pelas manhãs na Rede Globo.
Primeiro console de 16 bits no Brasil,
quarta geração dos videogames. Seu formato dava a impressão de tratar-se de um
console que utilizava CDs, algo que só aconteceu com a chegada do Mega CD/Sega
CD, que também havia na exposição. Era um item de desejo nas prateleiras das
lojas.
Sega Genesis
Os gráficos eram muito superiores aos da
geração anterior, as screenshots do
jogo de entrada, Altered Beast constituíam a caixa do aparelho, impressionando
pelos detalhes. Comprei o Sega Genesis, versão americana em 1992 ao ver um
anúncio de jornal. Coincidentemente, o vendedor morava na rua vizinha à minha.
Como o sistema americano era o NTSC, era necessário realizar a transcodificação
para o sistema brasileiro, PAL-M, para não jogar em preto e branco. Mas, um
subterfúgio para adquirir um console com preço mais em conta.
Foi uma categoria que evoluiu à medida
que novos jogos exploravam a capacidade do aparelho. Basta lembrar de Flicky no
início e Mortal Kombat e Virtua Racing em fases posteriores. Lançou conversões
de jogos de fliperama da Sega bem mais fidedignos que os do Master, tais quais
Double Dragon, Side Pocket e Pit Fighter.
Versões do Mega Drive/Sega Genesis
A ampla variedade de títulos, juntamente
com o pioneirismo neste nicho, permitiu ao Genesis/Mega Drive uma boa aceitação
no mercado, mas superado pelo console seguinte.
Burning Force foi o primeiro que joguei,
em uma locadora de jogos do Orixás Center nas Mercês, centro de Salvador. Uma
experiência diferente do Master e Phantom, em razão das cores e dinâmica dos
gráficos, bem como do som. O segundo foi Pit Fighter, clássico jogo de luta em
uma época pré Street Fighter 2 (contemporâneo do Street Fighter 1 na verdade),
que utilizava figuras digitalizadas, Ty, Kato e Buzz eram os lutadores, sendo o
primeiro uma versão full contact de Jean-Claude Van Damme. A seguir Sonic
surgiu como um blockbuster no mundo
dos games. O que lhe rendeu uma franquia de diversos outros jogos.
Sonic do Mega Drive/Sega Genesis
Alguns jogos de sucesso não citados
anteriormente: Golden Axe, Desert Strike, Streets of Rage 1 e 2, Chakan (este
bem original e sombrio, com músicas no estilo medieval) Super Monaco GP, AYRTON SENNA’S SUPER MONACO GP 2, (que já fiz uma postagem), Virtua Fighter, Kid Chameleon, Castle of Illusion,
Shape and Columns, Flashback, Ghouls’n Ghosts, Golden Axe 2, Alien Storm, Spider-Man,
The Revenge of Shinobi, Shadow Dancer, Road Rash 1, 2 e 3, Moonwalker, Toki
Going Ape Spit, Super Volleyball, Mortal Kombat 2, Ghostbusters, Evander
Hollyfield Real Deal Boxing com a “manha” de utilizar o lutador verde “The
Beast”.
Houve a popularização dos pedidos de
jogos via correio, por lojas em geral de São Paulo, que enviavam catálogos e
preços para compras posteriores através de depósitos bancários. Jogos mais
modernos, como o Virtua Racing, que utilizavam gráficos poligonais, possuíam cartuchos
maiores, com processadores externos, de modo a contribuir com um melhor
desempenho do console.
Aqui também havia o padrão americano
(utilizado também pelo Mega Drive brasileiro) e o japonês, mas não eram
necessários adaptadores. Bastava colocar a placa eletrônica diretamente
(abrindo os cartuchos), ou derreter duas pequenas travas metálicas do
Mega/Genesis, que passava a aceitar os cartuchos japoneses, um pouco justo, mas
comportava.
Com a fabricação de jogos mais
complexos, como Mortal Kombat 2, foram colocados no mercado controles de seis
botões.
Acessórios permitiam dar um upgrade no console, o sonhado Sega CD,
nos EUA ou Mega CD no Japão, que acoplavam-se em uma entrada lateral do
aparelho. A mesma que prometia jogar com um amigo através de conexões telefônicas
discadas, nos primórdios da internet. Devido aos altos preços e problemas com a
velocidade de carregamento não se popularizou.
Sega CD
O adaptador 32x possibilitava utilizar
jogos com maior capacidade de gráficos e velocidade de processamento (32 bits). Por aqui
não pegou.
Adaptador 32x do Mega Drive
SUPER NINTENDO
Super Nintendo
Pouco após o Mega Drive, surge no Brasil
o Super Nintendo, com maior jogabilidade, melhores gráficos e uma boa gama de
títulos da Nintendo. Provavelmente o maior sucesso foi a conversão do fliperama
do Street Fighter II. Não tive o console, mas, nos idos de 1993 jogava com amigos
ou em locadoras.
Este foi o último videogame que adquiri.
Anunciei a venda do Genesis, e a exemplo do Master houve alguém interessado em
trocar pelo Sega Saturn, um console superior mas sem controles e com quatro
jogos: Sega Rally Championship de corrida, Christmas Nights, uma aberração tipo
um Sonic voador, um de futebol da série Fifa, e outro que não me lembro.
Chegamos então a um estágio de ótimos
gráficos, mas jogos repetitivos, sem muita jogabilidade e diversão, opinião que
mantenho até hoje em relação aos demais consoles que o sucederam.
Desde a época da internet discada, por
volta do final da década de 1990, é possível relembrar os jogos antigos através
de emuladores, e mais recentemente de jogos online. Costumava acessar sites
como o Baú de Jogos (com screenshots
e informações com críticas bem humoradas das mais variadas plataformas) e
Emuasylum, extinto site estrangeiro, portanto não perdi o contato com os games “dos
bons tempos”, mas sempre é bom relembrar estes momentos lúdicos da infância e adolescência,
e rever pessoalmente os equipamentos.
Porém, mais do que simples brinquedos, Cleidson
em sua entrevista afirmou que os videogames são integrantes da cultura popular,
pensamento que coaduno. Em seu site, um informe declara que o Ibram, Instituto
Brasileiro de Museus, mapeou o seu museu itinerante como o primeiro Museu do
Videogame do país. Constituem também um gênero musical; pouco depois do
aparecimento dos emuladores, jogadores com habilidades musicais realizaram versões
das trilhas sonoras dos jogos. O primeiro que conheci foi o Nino, que mantém
até hoje o domínio www.nino.com.br, que
direciona para o site de sua banda Mega Driver, com belas versões do jogo
Streets of Rage, por exemplo, além de uma guitarra estilizada com um console do
16 bits da Sega. Outras boas versões surgiram do site Ocremix, com muito bem
trabalhadas versões das músicas do Mega Man 3 dentre diversas outras.
O Museu agradou diversos públicos, cada
geração com suas referências de videogames. Vi senhores próximos dos 60 anos
jogando o pioneiro Telejogo da Philips com seus filhos e netos, vi crianças e
adolescentes nas competições de “Just Dance”, o público jovem que foi
prestigiar o recente Playstation 4, e diversos fãs de Cosplay, devidamente
caracterizados participando também de disputas de fantasias mais realistas, em
especial de Animes, personagens freqüentes nos jogos eletrônicos.
Exposição Museu do Videogame em Salvador
Esta diversidade contribuiu para levar
os aficionados ao shopping, mesmo em um momento de implantação de cobrança de
estacionamento, em que há um certo boicote popular por aqui. A heterogeneidade
também acarretou em certos momentos de desconforto. Eu, por exemplo, apreciaria
mais caso fossem eventos distintos: o museu dos jogos, com os consoles antigos
em um momento, e os eventos de dança e cosplay em outro, pois com os espaços
lotados não pude ver com mais atenção outros consoles não contemporâneos à
minha época.
Mas foi interessante ver as famílias
compartilhando lembranças de épocas mais leves. Homens apontando para suas
namoradas/esposas e filhos seus primeiros videogames, revivendo emoções,
relembrando fatos, mergulhando no passado, trazendo de volta momentos marcantes de suas vidas, novamente
com o entusiasmo de uma criança.
Aqui o Blogger com o boné da Lotus de
1985/86, da loja Formula Retro, ao lado do saudoso Genesis
E pra finalizar uma lembrança gravada em
1991 e que me acompanhou durante todos estes anos, inicialmente em VHS e
posteriormente com a digitalização que outro “gamemaníaco” fez e postou no
Youtube. Programa Globo Repórter intitulado “A Febre do Videogame”. Vale a pena
ver ou rever, são vários vídeos.
E já que videogame é cultura, topei por
acaso ou não com o livro abaixo na livraria das imediações do evento. Pensei em
comprar, mas como apenas metade do número de páginas era de jogos da minha
época, declinei.
Mais
um ano da morte de Ayrton Senna, e dessa vez trago o filme “Senna” para
homenageá-lo. Trata-se de um projeto em que o cineasta Asif Kapadia buscou
vídeos do Youtube e do acervo da F1 para reviver a história do piloto. Deveria
passar na Globo novamente, pelo menos a cada primeiro de maio. Um bom material
para quem não pôde acompanhar sua carreira ou quer rememorá-la.
“Ele foi o
melhor piloto que já existiu”. Frase do piloto austríaco também tricampeão,
Niki Lauda, que estampa a capa do DVD/Blue Ray.
Ano
de 2010, acomodo-me na poltrona das últimas fileiras da sala vazia de cinema,
um pouco decepcionado com a pouca audiência dada pelo público soteropolitano.
Mas a seguir, lentamente, espectadores vão adentrando. São principalmente
homens, maior público interessado por automobilismo, Formula 1 e Ayrton Senna,
mas algumas namoradas e/ou esposas os acompanham. À medida que o horário da
exibição se aproxima, aumenta o número do público. Vou contando quantos até que
o filme começa, cerca de 40 pessoas na sala. Lembro o que conversei com o amigo
Cláudio do blog APAIXONADO POR F1, que andava com a agenda apertada, estimulando-o
a assistir o documentário: “em que outra oportunidade você poderá assistir
Formula 1 no cinema novamente?”. E o som dos motores, freadas e batidas foi um
grande diferencial, pois na TV costumavam parecer abafados. Por acaso, não
demorou muito, pois outro filme com a F1 como tema estreou em 2013: RUSH - NO LIMITE DA EMOÇÃO.
Cenas
iniciais do piloto então com 18 anos, campeonato mundial de kart de 1978, com o
kart número 1. Sua voz em inglês ao fundo rememorando aquela época: “era só pilotagem, só corrida. Não tinha
nenhuma política, nem dinheiro, então era corrida de verdade”. Uma frase em
que ele fez referência ao que aconteceria na F1, 11 anos depois. Então, seus
pais Milton e Neide, além do recém-falecido preparador de motores Tchê,
despedem-se de Ayrton no aeroporto, que partia para a Europa para disputar a
Formula 3.
O
teste na Williams 1983, e então, imagens computadorizadas do túnel de
Mônaco, ao som do motor Honda. Surge então o nome do documentário: “Senna”.
Mônaco que seria moradia e circuito em que Senna mantém até os dias atuais o
recorde de vitórias, seis, e quase seriam sete, pois venceria em seu primeiro
ano de F1, 1984, apenas seu oitavo GP. Exatamente onde o filme passa a
ambientar-se. Em entrevista a Reginaldo Leme o piloto faz sua avaliação do
circuito que começara a conhecer: “... na
pista em si, saindo nas primeiras voltas, felizmente consegui me adaptar
rápido. Agora... você não tem margem de erro. Um erro significa um acidente
aqui. Mas até o momento eu estou contente”.
Reginaldo Leme então complementa: “a
Toleman (equipe em que o piloto estreou na categoria) não era uma equipe vencedora,
não seria possível vencer nenhuma corrida. Por isso, o que Ayrton fez em Mônaco
é assim coisa de um gênio”.
Corrida
com chuva, Senna larga em 13º e vai avançando. 7º, pilotos mais experientes
como Mansell e sua Lotus-Renault penam para manter-se na pista e acabam
batendo. Ultrapassa a Williams-Honda de Keke Rosberg, e assume a terceira
colocação. Uma passagem mais afoita pela alta chicane compromete o perfeito
funcionamento da suspensão dianteira direita, mas continua avançando. “Passa por Niki Lauda (McLaren-TAG), assume
a segunda posição Ayrton Senna, no ponto mais perigoso do circuito!!!”, narra
efusivamente Galvão Bueno.
“Estamos assistindo
à chegada de Ayrton Senna, e que primoroso talento!”, comenta JAMES HUNT, campeão de 1976. Senna faz a volta mais rápida e aproxima-se do francês
Alain Prost e sua McLaren-TAG tirando três segundos por volta. Eis então que Prost
acena para os fiscais pedindo o fim da corrida, posteriormente alegando questões
de segurança, e é atendido. Bandeira vermelha, Prost encosta e Senna passa, mas
valeria o resultado da volta anterior. Prost em primeiro, Senna em segundo. “A Formula 1 é política, é muito dinheiro, e
quando você está chegando lá, você tem que passar por isso”, afirma o
piloto, parecendo conter suas palavras. Senna contido no pódio, mas vibra ao
deixá-lo.
Senna
vai para a Lotus, equipe de tradição em vitórias e campeonatos, buscando progredir
na carreira e como piloto.
GP
de Portugal, 21 de abril, segunda corrida de Senna na Lotus. Um cenário
conhecido: chuva, pista molhada, seu talento sobressaia-se aos demais. Algo que
revelou posteriormente, pilotava muito mal no kart quando chovia, a partir daí
passou a treinar insistentemente até dominar a técnica. Outro acerto que
costumava fazer era calibrar os pneus de chuva algumas libras acima do
indicado, de modo a permitir maior escoamento da água e melhor aderência, bem
como manter um ritmo forte para os pneus não esfriarem. Obtém sua primeira
vitória em Estoril, colocando uma volta de vantagem em todos os adversários à
exceção do segundo colocado. Hino brasileiro e bandeira verde amarela no alto
do pódio.
Senna
em suas voltas classificatórias exigia ao máximo dos carros. “Ele fazia seus carros irem além do que eram
capazes. Freava mais tarde, voava nas curvas com o carro quase saindo pelas
zebras. Não sei como, dava um jeito de dançar com o carro para mantê-lo na pista”.
Surge
novamente a figura de Alain Prost, como o melhor piloto (campeão em 1985-86) no
melhor time (McLaren), além de mestre em usar sua influência política e sua
amizade com o então presidente da FISA, o também francês Jean-Marie Balestre em
seu benefício.
Forma-se
a parceria dita por Ron Dennis com a dos dois melhores e mais profissionais
pilotos do mundo. Senna precisava provar que merecia estar na melhor equipe (Marlboro
McLaren-Honda, MP4/4), contra o melhor piloto de então.
14
de maio. Um evento que afetou Senna profundamente. GP de Mônaco, Ayrton lidera
com quase um minuto de vantagem para Prost, quando se desconcentra e bate no
muro. Pensava em aplicar uma grande vantagem psicológica, talvez até dando uma
volta no francês, mas falha e perde a liderança do campeonato. Em um ambiente
de egos inflados e pilotos voltados ao seu próprio umbigo, aproxima-se da religião
e de seu melhoramento como pessoa.
30
de outubro. Decisão do campeonato, GP do Japão, autódromo de Suzuka. Mais uma
das grandes vitórias de Senna. O piloto estava bastante tenso na largada, mesmo
na pole e deixa o carro morrer. Consegue ligar o carro que morre novamente. A
seguir, consegue ligá-lo, “no tranco”, pois havia um pequeno declive no grid. Cai
para a 16ª posição e inicia uma corrida de recuperação. Após várias
ultrapassagens, começa uma fina chuva, que trás vantagem ao brasileiro que
finalmente ultrapassa Prost e assume a liderança do GP. Vence, conquista seu
primeiro campeonato e em uma entrevista em que conversa com o cantor Roberto
Carlos, durante um passeio em um carro conversível, afirma que naquele momento
sentiu a presença e visualizou Deus. Algo muito utilizado de forma prejudicial
pelos opositores do piloto, principalmente Prost e a imprensa marrom. Os brasileiros
vibram com a conquista. Mesmo sendo madrugada no país, vários acompanharam a
corrida épica.
Aumenta
a rivalidade entre os dois pilotos da McLaren, há uma cisão na equipe,
desavenças quanto ao acordo de San Marino, deixam de se falar. Foco na figura
desprezível de Balestre e seu tom autoritário, arrogante e centralizador, além
de sua estreita ligação com Prost.
22
de outubro. Senna na pole, larga mal e Prost ultrapassa. Segue a corrida com
Senna perseguindo o francês, e na volta 46, a sete voltas do final Prost abre
demais e Senna se lança para contornar a Chicane “Casio” à sua frente. Prost
fecha a porta e chocam-se. Alain abandona e Ayrton pede aos fiscais que
empurrem o carro para voltar para a corrida. Retorna à pista pela via de acesso
das ambulâncias, vai aos boxes trocar o bico danificado e volta pra pista aos
berros do motor Honda V10 aspirado de 3,5 litros em busca da Benetton-Ford do
então líder Alessandro Nannini. Prost percebendo que perderia o campeonato,
corre para a torre de controle do GP, em busca de subterfúgios no regulamento,
ou em outras palavras o “tapetão”. Senna ultrapassa o italiano na volta 51, da
mesma forma que faria com Prost, se este não tivesse jogado seu carro. Vence a
corrida, comemora, mas o pódio é postergado. A direção decide desqualificar
Senna por ter utilizado a pista de serviço e não ter contornado a chicane. Em
Adelaide-Austrália, etapa de encerramento do campeonato, um transtornado Ron
Dennis exibe um vídeo de 1981 em que pilotos seguiram pela mesma pista de acesso
sem sofrer quaisquer punições, demonstrando a real intenção do presidente da
FISA em prejudicar o brasileiro e favorecer o frenchman, que “leva” o título de campeão.
Balestre,
bebendo calma e cinematograficamente um copo de água, anuncia uma punição de
seis meses de suspensão a Senna, acusando-o de causar o acidente. Senna se
revolta, dizendo que foi tratado como um criminoso e cogita não correr a
temporada de 1990. Ron Dennis o convence a continuar.
Prost
vai para a Ferrari. Senna presencia um terrível acidente do irlandês Martin Donnely,
que sobreviveu, mas teve traumas cranianos e nas pernas, nos treinos para o GP
da Espanha, algo que o abala, o faz refletir sobre as possibilidades de
acidentes, mas que não o faria desistir de sua carreira. Tanto que retorna para
a pista e faz a pole.
21
de outubro. Suzuka mais uma vez. Alguns fatos que evoluíram para o que
aconteceria mais tarde durante a prova:
1)
Durante o brieffing, “alguém”, em um
raro momento de seriedade e respeito aos colegas de profissão, sugere a Roland
Bruynseraede, comissário chefe, que se o piloto passar reto na chicane o mais
seguro é seguir a pista de acesso, tal qual Senna fez no ano anterior, em vez
de retornar e cruzar a Casio, todos concordam. Senna corretamente se revolta,
pois foi punido por algo que poderia ter sido evitado. “É uma piada, depois do que aconteceu no ano passado, essa situação é
uma piada. Acabaram de provar, eu não disse nada, mas, trouxeram o assunto à tona
e todos concordaram. E o ano passado foi muito ruim para mim”.
2)
Senna pede a Bruynseraede que a pole seja movida para a parte limpa da pista,
pois como estava, prejudicaria em invés de favorecer o piloto que tivesse
obtido o melhor tempo. Senna conquista a pole, mas Roland-Balestre-FIA não atendem
ao pedido de Senna, que larga da parte suja da pista, fora do traçado ideal.
3)
A lembrança de tudo que aconteceu no ano anterior para favorecer o francês
vinha à mente de Senna, que percebia que estava passando por tudo novamente, sendo
prejudicado no tapetão mais uma vez. “O
sistema ferrou comigo várias vezes, então eu disse para mim mesmo: hoje, de
jeito nenhum”.
Como
esperado, Senna larga com pouca tração e Prost passa. Na primeira curva, Ayrton
joga sua McLaren contra a Ferrari do francês, colocando ambos para fora da
corrida. Senna ganha o título de campeão de 1990, da mesma forma que Prost fizera
no ano anterior. Interessante observar um comentário de Ron Dennis quando Senna
volta para os boxes. Que sua linguagem corporal, seus tiques mostram que ele
não estava satisfeito como que acabara de fazer. Viu-se obrigado a utilizar as
mesmas armas dos inimigos, o que ia contra os seus princípios.
Ao
receber seu título, na premiação da FIA, teve que apertar a mão de Balestre que
tentava controlá-lo fisicamente, determinando exatamente onde deveria se
posicionar no palco. Senna então sorri e ergue a premiação bem próximo à face
de Jean-Marie.
Segue-se
então a famosa entrevista com Jackie Stewart, que acusa Senna de provocar
muitos acidentes. Senna sorri ao prever a pergunta e questiona o por quê de um
piloto tão experiente fazê-la. Contesta e afirma, que se um piloto não arrisca
uma ultrapassagem ao observar uma abertura não é um piloto de corridas. Senna
rompe a amizade com Stewart, ficando anos sem falarem-se.
Vemos
então imagens de como Senna era adorado no Japão, terra da Honda. Os japoneses
se identificavam com o modo como Ayrton se dedicava ao trabalho,
desenvolvimento do carro e do motor, tal qual um Samurai, que busca a
perfeição. Por outro lado, a situação de miséria no Brasil era um contraponto.
Um brasileiro que dava certo era uma catarse para o povo que o admirava. E
Viviane Senna em sua fala dá uma indireta em “alguém”, ao afirmar que Senna
sempre reafirmava sua nacionalidade, ao contrário de “outros”.
1991
21
de março. Data de seu aniversário de 31 anos. Senna lidera o GP do Brasil com
facilidade, mas a caixa de câmbio quebra e trava na sexta marcha, basta ouvir o
som do motor para comprovar. Senna tem que mudar o estilo de pilotagem para
continuar e buscar a vitória, mesmo com a rápida aproximação do italiano
Ricardo Patrese e sua Williams-Renault. Leva o carro “no braço” e ganha pela
primeira vez em casa. Sofre grande desgaste físico, pois tinha mania de apertar
seguidamente os cintos de segurança, durante a tensão pré-largada, o que neste
caso reduziu o fluxo sanguíneo para os braços, e aliado com o esforço de manter
o carro na pista, fez com que se prostrasse no carro ao final da corrida. Mais
uma vitória épica. Torcida, fiscais, equipe, todos vibram. O desgaste se
reflete na tentativa de erguer o troféu e a champanhe. Fãs festejam na frente
da casa de Senna, que surge para cumprimentá-los.
28
de julho. No brieffing do GP da
Alemanha mais um embate com Balestre, sugerindo a troca de pneus e barreiras
que poderiam fazer um carro decolar, caso passasse reto em uma chicane, por
cones. O francês mais uma vez, com arrogância e prepotência discute e exalta-se,
constrangendo também seu assessor Bruynseraede. Senna utiliza o regulamento e
convence os pilotos a apoiarem sua ideia. Balestre fala: “A melhor decisão é a minha decisão”. Senna retruca: “eu tenho essa impressão”, ou no inglês
uma melhor interpretação da fala: “I have
a feeling for that” que certamente refere-se ao passado em que as “decisões”
de Balestre prejudicaram Senna, enquanto os pilotos riem. “Minha decisão é sempre a melhor”, Balestre insiste, em uma demonstração
de “humildade”. Durante a corrida, o próprio Prost avançou nos cones ao tentar
frustradamente ultrapassar Senna. O francês culpa o brasileiro, que devolve
dizendo que quem conhece Prost sabe que ele sempre reclama dos pneus, do carro,
da equipe, dos mecânicos, do combustível ou dos outros pilotos e que nunca era
culpa dele.
19
de outubro. GP do Japão. Senna x Mansell na disputa do título. A
Williams-Renault FW14 já era um carro superior à McLaren-Honda MP4/6, fato
observado em meados da temporada. Senna larga na frente, perseguido de perto
pelo inglês, que comete mais um de seus conhecidos erros. Na volta nove, passa
reto na primeira curva e abandona. Senna conquista o tri, retorna para São
Paulo e recebe as chaves da cidade. “É a
única coisa que o Brasil tem de bom”, fala uma fã que aguarda a comitiva
com Senna em desfile pela megalópole, frase semelhante disse Arnaldo Jabor, em
um momento anterior do documentário.
Ao
fim da temporada um encontro inusitado. O então recente programa “Casseta e
Planeta Urgente” com o seu repórter Bussunda fantasiado de piloto pergunta se
alguma mulher já lhe disse: “acelera Ayrton”. Ele reluta, disfarça, mas no
final afirma: “já”, e todos riem. Infelizmente,
este mesmo programa, anos depois, contribuiu para difamar outro piloto
brasileiro, Rubens Barrichello.
Prost
se afasta da F1 e Mansell permanece na Williams, que agora conta com avançados
recursos eletrônicos que dá à esta equipe uma grande margem de vantagem. Em um
vídeo mostrado é possível ver como as Williams distanciam-se da McLaren de
Senna com enorme facilidade. Inclusive o recorde de volta mais rápida deste ano
durou por muito tempo. Sem condições mínimas de Senna disputar o campeonato,
Mansell vence com folga, apesar de grandes corridas de Senna, como a disputada
em Mônaco.
Mansell
migra para a Formula Indy, deixando aberto o retorno de Prost, que cria uma
cláusula que veta Senna na equipe.
“Em 1993 Ayrton
estava pilotando como um puro gênio. Pra mim foi sua melhor temporada” – Reginaldo Leme.
GP do Brasil, da Europa e Mônaco, três das cinco corridas que Senna venceu na
temporada, foram citadas, mas não mostradas. Deveriam dar destaque
principalmente para a corrida de Donnington, em que passou quatro carros em
menos de uma volta em forte chuva, narrada com espontaneidade por Galvão,
parecendo que àquela altura, era apenas mais uma corrida normal de Ayrton.
Senna
vai para a Williams, que com o novo regulamento que bania as assistências eletrônicas
e estreitava pneus tornou-se um carro desequilibrado e arisco. Os recursos que
antes compensavam até erros do projeto agora demonstrava como a equipe era
dependente deles. Abandonos em Interlagos e Aida e a suspeita de que a Benetton
de Schumacher, que vencera ambas, teria mantido ilegalmente os expedientes
tecnológicos. Senna observava o carro reduzir nas curvas e ouvia sons de “cortes”
do motor, que poderiam denunciar a presença de controle de tração, bem como as
largadas sem rodas patinando, uma grande vantagem para a equipe o que mais
tarde foi comprovado, bem como a retirada do filtro de combustível nas
mangueiras de reabastecimento, de modo a ganhar tempo nas paradas. Fato que
provocou um incêndio em um dos seus carros.
GP
de San Marino e algo que não gosto de rever. Muita pressão, carro instável,
circuito inseguro, acidentes, mortes, ocasionadas por erros do projeto,
circuito antiquado, falhas na segurança. Relato apenas que no momento da batida
e anuncio da morte, na sala de cinema ouvi choros, tal qual há 21 anos.
Curiosamente, dos mesmos homens que adentraram à sala de cinema acompanhados
pelas companheiras, que os consolavam. Vendo-os, talvez, pela primeira vez,
vertendo lágrimas. Pois é, homens também choram.
Um
GP que deveria ter sido cancelado ainda com a morte de Ratzenberger no sábado,
ou após a primeira largada com rodas lançadas ao público.
O
mundo do automobilismo, do esporte e o Brasil entravam em luto. Comoção
nacional, centenas de milhares de pessoas nas ruas de São Paulo acompanhando a
comitiva.
E
as cenas mais emocionantes, quando sua mãe Neide o acaricia ainda nos tempos de
Formula 3, e a seguir em frente ao seu caixão; sua irmã Viviane ao seu lado em
algum GP ainda nos tempos de Lotus, e após com a mão acima da bandeira
brasileira que cobre o esquife; seu pai Milton o abraçando após vencer em
Interlagos pela primeira vez e estático no velório, enquanto apoia-se em uma
bengala; Ron Dennis abraçando-o e sorrindo após sua última vitória na Austrália
no fim da temporada anterior e incrédulo , com olhos fixos e sem reação, tal
qual Frank Williams, Xuxa, Prost e Adriane Galisteu.