quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ABSURDOS DO TRÂNSITO EM SALVADOR (PARTE 1)

A partir de agora seu território deve ser defendido com sua vida. Os três metros quadrados ao seu redor correspondem ao que resta de sua existência. Todas as demais pessoas em volta são inimigas, e vão tentar adentrar o seu espaço, defenda-o a todo custo!!!

Provocativo! Apocalíptico! Uma guerra nuclear? Não, o trânsito de Salvador

Parece o roteiro de um filme pós-guerra, como Herança Nuclear (Testament) e O Dia Seguinte (Day After) ambos de 1983, mas na verdade trata-se do dia a dia no trânsito de Salvador. Exagero? Se você passa pelo menos duas horas diárias no trânsito assim como eu, sabe bem do que estou falando e “heaven knows I’m miserable now”.
 
Realidade esta que não se limita àquela cidade, mas sim a muitos outros centros urbanos, metrópoles ou cidades medianas.
 
Comecei a perceber esta mudança no comportamento a partir de 2003, quando passei a pilotar motos e a ficar mais sujeito às imprudências dos veículos do entorno. À época observava cerca de três absurdos por dia, atualmente então...
 
Congestionamentos diários
 
De uns anos para cá, desenvolveu-se uma cultura do “I’m the best, f... the rest” por aqui. Cada indivíduo se acha mais importante que os demais. Se tiver que parar o trânsito para desembarcar alguém e ainda ficar de papo com este pela janela, ou interromper o fluxo de uma faixa enquanto para-se na frente de uma banca para comprar jornais, que assim seja.
 
Outro dia um motorista na BR-324 na entrada da cidade resolveu reduzir abruptamente a velocidade na faixa da esquerda para olhar um princípio de incêndio em uma companhia de telefones. Quem vinha atrás tinha que desviar ou pisar no freio. E na maioria das vezes quando você reclama... Round 1, FIGHT!
 
Muitas vezes o comportamento lembra o desenho da Disney como Sr. Andante, pacato e gentil transeunte que ao virar a chave do veículo transforma-se no Sr. Volante, imprudente e cruel quando à bordo de seu carro. E olha que este desenho deve ser da década de 1950 ou 60, e continua atual. O ser humano está regredindo, ou melhor involuindo. Andando para trás em um moonwalk dos infernos. Como dizem por aqui: “a humanidade está muito mal frequentada”, e “para o mundo que eu quero descer”.
 
Foto: iPlay
 
Trata-se na verdade de um caso de falta de educação doméstica, algo ao que parece, relegado por boa parte, independente de classe social, faixa etária, time que torce, etc, etc. Acho até que o barbarism begins at home”e “unruly boys/girls” mereciam “a crack on the head”.
 
Os “monstroristas” deveriam se conscientizar que se querem se matar lancem-se em “a ten-ton truck” e respeitem a vida dos demais cidadãos. Ou como também dizem por aqui “vá morrer sozinho pra lá”. Mas como vaso ruim não quebra, "there is a light that never goes out".
 
 
Em posts futuros relatarei o que tenho observado (e até então sobrevivido) no trânsito de Salvador e outras cidades. Quem estiver interessado também poderá relatar sua experiência nos comentários.
 
A maior parte dos termos entre aspas e em itálico corresponde a trechos de músicas do extinto grupo britânico dos anos 80, The Smiths, através da letra ácida, irônica e sofisticada do vocalista Morrissey, que se aplicam bem à circunstância.

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