sexta-feira, 1 de maio de 2015

21 ANOS DA MORTE DE SENNA. FILME: “SENNA” - AUTOMOBILISMO NO CINEMA (PARTE 3)


Mais um ano da morte de Ayrton Senna, e dessa vez trago o filme “Senna” para homenageá-lo. Trata-se de um projeto em que o cineasta Asif Kapadia buscou vídeos do Youtube e do acervo da F1 para reviver a história do piloto. Deveria passar na Globo novamente, pelo menos a cada primeiro de maio. Um bom material para quem não pôde acompanhar sua carreira ou quer rememorá-la.

Capa de "Senna"

“Ele foi o melhor piloto que já existiu”. Frase do piloto austríaco também tricampeão, Niki Lauda, que estampa a capa do DVD/Blue Ray.

Ano de 2010, acomodo-me na poltrona das últimas fileiras da sala vazia de cinema, um pouco decepcionado com a pouca audiência dada pelo público soteropolitano. Mas a seguir, lentamente, espectadores vão adentrando. São principalmente homens, maior público interessado por automobilismo, Formula 1 e Ayrton Senna, mas algumas namoradas e/ou esposas os acompanham. À medida que o horário da exibição se aproxima, aumenta o número do público. Vou contando quantos até que o filme começa, cerca de 40 pessoas na sala. Lembro o que conversei com o amigo Cláudio do blog APAIXONADO POR F1, que andava com a agenda apertada, estimulando-o a assistir o documentário: “em que outra oportunidade você poderá assistir Formula 1 no cinema novamente?”. E o som dos motores, freadas e batidas foi um grande diferencial, pois na TV costumavam parecer abafados. Por acaso, não demorou muito, pois outro filme com a F1 como tema estreou em 2013: RUSH - NO LIMITE DA EMOÇÃO.

Senna, no Kart

Cenas iniciais do piloto então com 18 anos, campeonato mundial de kart de 1978, com o kart número 1. Sua voz em inglês ao fundo rememorando aquela época: “era só pilotagem, só corrida. Não tinha nenhuma política, nem dinheiro, então era corrida de verdade”. Uma frase em que ele fez referência ao que aconteceria na F1, 11 anos depois. Então, seus pais Milton e Neide, além do recém-falecido preparador de motores Tchê, despedem-se de Ayrton no aeroporto, que partia para a Europa para disputar a Formula 3.

Teste Williams, 1983


O teste na Williams 1983, e então, imagens computadorizadas do túnel de Mônaco, ao som do motor Honda. Surge então o nome do documentário: “Senna”. Mônaco que seria moradia e circuito em que Senna mantém até os dias atuais o recorde de vitórias, seis, e quase seriam sete, pois venceria em seu primeiro ano de F1, 1984, apenas seu oitavo GP. Exatamente onde o filme passa a ambientar-se. Em entrevista a Reginaldo Leme o piloto faz sua avaliação do circuito que começara a conhecer: “... na pista em si, saindo nas primeiras voltas, felizmente consegui me adaptar rápido. Agora... você não tem margem de erro. Um erro significa um acidente aqui. Mas até o momento eu estou contente”.  Reginaldo Leme então complementa: “a Toleman (equipe em que o piloto estreou na categoria) não era uma equipe vencedora, não seria possível vencer nenhuma corrida. Por isso, o que Ayrton fez em Mônaco é assim coisa de um gênio”.

Toleman , 1984

Corrida com chuva, Senna larga em 13º e vai avançando. 7º, pilotos mais experientes como Mansell e sua Lotus-Renault penam para manter-se na pista e acabam batendo. Ultrapassa a Williams-Honda de Keke Rosberg, e assume a terceira colocação. Uma passagem mais afoita pela alta chicane compromete o perfeito funcionamento da suspensão dianteira direita, mas continua avançando. “Passa por Niki Lauda (McLaren-TAG), assume a segunda posição Ayrton Senna, no ponto mais perigoso do circuito!!!”, narra efusivamente Galvão Bueno.

“Estamos assistindo à chegada de Ayrton Senna, e que primoroso talento!”, comenta JAMES HUNT, campeão de 1976. Senna faz a volta mais rápida e aproxima-se do francês Alain Prost e sua McLaren-TAG tirando três segundos por volta. Eis então que Prost acena para os fiscais pedindo o fim da corrida, posteriormente alegando questões de segurança, e é atendido. Bandeira vermelha, Prost encosta e Senna passa, mas valeria o resultado da volta anterior. Prost em primeiro, Senna em segundo. “A Formula 1 é política, é muito dinheiro, e quando você está chegando lá, você tem que passar por isso”, afirma o piloto, parecendo conter suas palavras. Senna contido no pódio, mas vibra ao deixá-lo.

 Lotus-Renault, 1985

1985
Senna vai para a Lotus, equipe de tradição em vitórias e campeonatos, buscando progredir na carreira e como piloto.
GP de Portugal, 21 de abril, segunda corrida de Senna na Lotus. Um cenário conhecido: chuva, pista molhada, seu talento sobressaia-se aos demais. Algo que revelou posteriormente, pilotava muito mal no kart quando chovia, a partir daí passou a treinar insistentemente até dominar a técnica. Outro acerto que costumava fazer era calibrar os pneus de chuva algumas libras acima do indicado, de modo a permitir maior escoamento da água e melhor aderência, bem como manter um ritmo forte para os pneus não esfriarem. Obtém sua primeira vitória em Estoril, colocando uma volta de vantagem em todos os adversários à exceção do segundo colocado. Hino brasileiro e bandeira verde amarela no alto do pódio.

Senna em suas voltas classificatórias exigia ao máximo dos carros. “Ele fazia seus carros irem além do que eram capazes. Freava mais tarde, voava nas curvas com o carro quase saindo pelas zebras. Não sei como, dava um jeito de dançar com o carro para mantê-lo na pista”.

Surge novamente a figura de Alain Prost, como o melhor piloto (campeão em 1985-86) no melhor time (McLaren), além de mestre em usar sua influência política e sua amizade com o então presidente da FISA, o também francês Jean-Marie Balestre em seu benefício.

Marlboro McLaren-Honda, 1988

1988
Forma-se a parceria dita por Ron Dennis com a dos dois melhores e mais profissionais pilotos do mundo. Senna precisava provar que merecia estar na melhor equipe (Marlboro McLaren-Honda, MP4/4), contra o melhor piloto de então.

14 de maio. Um evento que afetou Senna profundamente. GP de Mônaco, Ayrton lidera com quase um minuto de vantagem para Prost, quando se desconcentra e bate no muro. Pensava em aplicar uma grande vantagem psicológica, talvez até dando uma volta no francês, mas falha e perde a liderança do campeonato. Em um ambiente de egos inflados e pilotos voltados ao seu próprio umbigo, aproxima-se da religião e de seu melhoramento como pessoa.

30 de outubro. Decisão do campeonato, GP do Japão, autódromo de Suzuka. Mais uma das grandes vitórias de Senna. O piloto estava bastante tenso na largada, mesmo na pole e deixa o carro morrer. Consegue ligar o carro que morre novamente. A seguir, consegue ligá-lo, “no tranco”, pois havia um pequeno declive no grid. Cai para a 16ª posição e inicia uma corrida de recuperação. Após várias ultrapassagens, começa uma fina chuva, que trás vantagem ao brasileiro que finalmente ultrapassa Prost e assume a liderança do GP. Vence, conquista seu primeiro campeonato e em uma entrevista em que conversa com o cantor Roberto Carlos, durante um passeio em um carro conversível, afirma que naquele momento sentiu a presença e visualizou Deus. Algo muito utilizado de forma prejudicial pelos opositores do piloto, principalmente Prost e a imprensa marrom. Os brasileiros vibram com a conquista. Mesmo sendo madrugada no país, vários acompanharam a corrida épica.

Senna x Prost, 1989
Foto: Vavel.com

1989
Aumenta a rivalidade entre os dois pilotos da McLaren, há uma cisão na equipe, desavenças quanto ao acordo de San Marino, deixam de se falar. Foco na figura desprezível de Balestre e seu tom autoritário, arrogante e centralizador, além de sua estreita ligação com Prost.

22 de outubro. Senna na pole, larga mal e Prost ultrapassa. Segue a corrida com Senna perseguindo o francês, e na volta 46, a sete voltas do final Prost abre demais e Senna se lança para contornar a Chicane “Casio” à sua frente. Prost fecha a porta e chocam-se. Alain abandona e Ayrton pede aos fiscais que empurrem o carro para voltar para a corrida. Retorna à pista pela via de acesso das ambulâncias, vai aos boxes trocar o bico danificado e volta pra pista aos berros do motor Honda V10 aspirado de 3,5 litros em busca da Benetton-Ford do então líder Alessandro Nannini. Prost percebendo que perderia o campeonato, corre para a torre de controle do GP, em busca de subterfúgios no regulamento, ou em outras palavras o “tapetão”. Senna ultrapassa o italiano na volta 51, da mesma forma que faria com Prost, se este não tivesse jogado seu carro. Vence a corrida, comemora, mas o pódio é postergado. A direção decide desqualificar Senna por ter utilizado a pista de serviço e não ter contornado a chicane. Em Adelaide-Austrália, etapa de encerramento do campeonato, um transtornado Ron Dennis exibe um vídeo de 1981 em que pilotos seguiram pela mesma pista de acesso sem sofrer quaisquer punições, demonstrando a real intenção do presidente da FISA em prejudicar o brasileiro e favorecer o frenchman, que “leva” o título de campeão.

Balestre, bebendo calma e cinematograficamente um copo de água, anuncia uma punição de seis meses de suspensão a Senna, acusando-o de causar o acidente. Senna se revolta, dizendo que foi tratado como um criminoso e cogita não correr a temporada de 1990. Ron Dennis o convence a continuar.

Senna x Prost, 1990

1990
Prost vai para a Ferrari. Senna presencia um terrível acidente do irlandês Martin Donnely, que sobreviveu, mas teve traumas cranianos e nas pernas, nos treinos para o GP da Espanha, algo que o abala, o faz refletir sobre as possibilidades de acidentes, mas que não o faria desistir de sua carreira. Tanto que retorna para a pista e faz a pole.

21 de outubro. Suzuka mais uma vez. Alguns fatos que evoluíram para o que aconteceria mais tarde durante a prova:

1) Durante o brieffing, “alguém”, em um raro momento de seriedade e respeito aos colegas de profissão, sugere a Roland Bruynseraede, comissário chefe, que se o piloto passar reto na chicane o mais seguro é seguir a pista de acesso, tal qual Senna fez no ano anterior, em vez de retornar e cruzar a Casio, todos concordam. Senna corretamente se revolta, pois foi punido por algo que poderia ter sido evitado. “É uma piada, depois do que aconteceu no ano passado, essa situação é uma piada. Acabaram de provar, eu não disse nada, mas, trouxeram o assunto à tona e todos concordaram. E o ano passado foi muito ruim para mim”.
2) Senna pede a Bruynseraede que a pole seja movida para a parte limpa da pista, pois como estava, prejudicaria em invés de favorecer o piloto que tivesse obtido o melhor tempo. Senna conquista a pole, mas Roland-Balestre-FIA não atendem ao pedido de Senna, que larga da parte suja da pista, fora do traçado ideal.
3) A lembrança de tudo que aconteceu no ano anterior para favorecer o francês vinha à mente de Senna, que percebia que estava passando por tudo novamente, sendo prejudicado no tapetão mais uma vez. “O sistema ferrou comigo várias vezes, então eu disse para mim mesmo: hoje, de jeito nenhum”.

Como esperado, Senna larga com pouca tração e Prost passa. Na primeira curva, Ayrton joga sua McLaren contra a Ferrari do francês, colocando ambos para fora da corrida. Senna ganha o título de campeão de 1990, da mesma forma que Prost fizera no ano anterior. Interessante observar um comentário de Ron Dennis quando Senna volta para os boxes. Que sua linguagem corporal, seus tiques mostram que ele não estava satisfeito como que acabara de fazer. Viu-se obrigado a utilizar as mesmas armas dos inimigos, o que ia contra os seus princípios.

Ao receber seu título, na premiação da FIA, teve que apertar a mão de Balestre que tentava controlá-lo fisicamente, determinando exatamente onde deveria se posicionar no palco. Senna então sorri e ergue a premiação bem próximo à face de Jean-Marie.


Senna recebendo o título de 1990

Segue-se então a famosa entrevista com Jackie Stewart, que acusa Senna de provocar muitos acidentes. Senna sorri ao prever a pergunta e questiona o por quê de um piloto tão experiente fazê-la. Contesta e afirma, que se um piloto não arrisca uma ultrapassagem ao observar uma abertura não é um piloto de corridas. Senna rompe a amizade com Stewart, ficando anos sem falarem-se.

Vemos então imagens de como Senna era adorado no Japão, terra da Honda. Os japoneses se identificavam com o modo como Ayrton se dedicava ao trabalho, desenvolvimento do carro e do motor, tal qual um Samurai, que busca a perfeição. Por outro lado, a situação de miséria no Brasil era um contraponto. Um brasileiro que dava certo era uma catarse para o povo que o admirava. E Viviane Senna em sua fala dá uma indireta em “alguém”, ao afirmar que Senna sempre reafirmava sua nacionalidade, ao contrário de “outros”.

1991
21 de março. Data de seu aniversário de 31 anos. Senna lidera o GP do Brasil com facilidade, mas a caixa de câmbio quebra e trava na sexta marcha, basta ouvir o som do motor para comprovar. Senna tem que mudar o estilo de pilotagem para continuar e buscar a vitória, mesmo com a rápida aproximação do italiano Ricardo Patrese e sua Williams-Renault. Leva o carro “no braço” e ganha pela primeira vez em casa. Sofre grande desgaste físico, pois tinha mania de apertar seguidamente os cintos de segurança, durante a tensão pré-largada, o que neste caso reduziu o fluxo sanguíneo para os braços, e aliado com o esforço de manter o carro na pista, fez com que se prostrasse no carro ao final da corrida. Mais uma vitória épica. Torcida, fiscais, equipe, todos vibram. O desgaste se reflete na tentativa de erguer o troféu e a champanhe. Fãs festejam na frente da casa de Senna, que surge para cumprimentá-los.

28 de julho. No brieffing do GP da Alemanha mais um embate com Balestre, sugerindo a troca de pneus e barreiras que poderiam fazer um carro decolar, caso passasse reto em uma chicane, por cones. O francês mais uma vez, com arrogância e prepotência discute e exalta-se, constrangendo também seu assessor Bruynseraede. Senna utiliza o regulamento e convence os pilotos a apoiarem sua ideia. Balestre fala: “A melhor decisão é a minha decisão”. Senna retruca: “eu tenho essa impressão”, ou no inglês uma melhor interpretação da fala: “I have a feeling for that” que certamente refere-se ao passado em que as “decisões” de Balestre prejudicaram Senna, enquanto os pilotos riem. “Minha decisão é sempre a melhor”, Balestre insiste, em uma demonstração de “humildade”. Durante a corrida, o próprio Prost avançou nos cones ao tentar frustradamente ultrapassar Senna. O francês culpa o brasileiro, que devolve dizendo que quem conhece Prost sabe que ele sempre reclama dos pneus, do carro, da equipe, dos mecânicos, do combustível ou dos outros pilotos e que nunca era culpa dele.

19 de outubro. GP do Japão. Senna x Mansell na disputa do título. A Williams-Renault FW14 já era um carro superior à McLaren-Honda MP4/6, fato observado em meados da temporada. Senna larga na frente, perseguido de perto pelo inglês, que comete mais um de seus conhecidos erros. Na volta nove, passa reto na primeira curva e abandona. Senna conquista o tri, retorna para São Paulo e recebe as chaves da cidade. “É a única coisa que o Brasil tem de bom”, fala uma fã que aguarda a comitiva com Senna em desfile pela megalópole, frase semelhante disse Arnaldo Jabor, em um momento anterior do documentário.

Ao fim da temporada um encontro inusitado. O então recente programa “Casseta e Planeta Urgente” com o seu repórter Bussunda fantasiado de piloto pergunta se alguma mulher já lhe disse: “acelera Ayrton”. Ele reluta, disfarça, mas no final afirma: “já”, e todos riem. Infelizmente, este mesmo programa, anos depois, contribuiu para difamar outro piloto brasileiro, Rubens Barrichello.

McLaren, 1992

1992
Prost se afasta da F1 e Mansell permanece na Williams, que agora conta com avançados recursos eletrônicos que dá à esta equipe uma grande margem de vantagem. Em um vídeo mostrado é possível ver como as Williams distanciam-se da McLaren de Senna com enorme facilidade. Inclusive o recorde de volta mais rápida deste ano durou por muito tempo. Sem condições mínimas de Senna disputar o campeonato, Mansell vence com folga, apesar de grandes corridas de Senna, como a disputada em Mônaco.

McLaren, 1993

1993
Mansell migra para a Formula Indy, deixando aberto o retorno de Prost, que cria uma cláusula que veta Senna na equipe.
“Em 1993 Ayrton estava pilotando como um puro gênio. Pra mim foi sua melhor temporada” – Reginaldo Leme. GP do Brasil, da Europa e Mônaco, três das cinco corridas que Senna venceu na temporada, foram citadas, mas não mostradas. Deveriam dar destaque principalmente para a corrida de Donnington, em que passou quatro carros em menos de uma volta em forte chuva, narrada com espontaneidade por Galvão, parecendo que àquela altura, era apenas mais uma corrida normal de Ayrton.

Williams, 1994
Foto: Fanpop.com

1994
Senna vai para a Williams, que com o novo regulamento que bania as assistências eletrônicas e estreitava pneus tornou-se um carro desequilibrado e arisco. Os recursos que antes compensavam até erros do projeto agora demonstrava como a equipe era dependente deles. Abandonos em Interlagos e Aida e a suspeita de que a Benetton de Schumacher, que vencera ambas, teria mantido ilegalmente os expedientes tecnológicos. Senna observava o carro reduzir nas curvas e ouvia sons de “cortes” do motor, que poderiam denunciar a presença de controle de tração, bem como as largadas sem rodas patinando, uma grande vantagem para a equipe o que mais tarde foi comprovado, bem como a retirada do filtro de combustível nas mangueiras de reabastecimento, de modo a ganhar tempo nas paradas. Fato que provocou um incêndio em um dos seus carros.

GP de San Marino e algo que não gosto de rever. Muita pressão, carro instável, circuito inseguro, acidentes, mortes, ocasionadas por erros do projeto, circuito antiquado, falhas na segurança. Relato apenas que no momento da batida e anuncio da morte, na sala de cinema ouvi choros, tal qual há 21 anos. Curiosamente, dos mesmos homens que adentraram à sala de cinema acompanhados pelas companheiras, que os consolavam. Vendo-os, talvez, pela primeira vez, vertendo lágrimas. Pois é, homens também choram.

Um GP que deveria ter sido cancelado ainda com a morte de Ratzenberger no sábado, ou após a primeira largada com rodas lançadas ao público.

O mundo do automobilismo, do esporte e o Brasil entravam em luto. Comoção nacional, centenas de milhares de pessoas nas ruas de São Paulo acompanhando a comitiva.

  

Ayrton Senna

E as cenas mais emocionantes, quando sua mãe Neide o acaricia ainda nos tempos de Formula 3, e a seguir em frente ao seu caixão; sua irmã Viviane ao seu lado em algum GP ainda nos tempos de Lotus, e após com a mão acima da bandeira brasileira que cobre o esquife; seu pai Milton o abraçando após vencer em Interlagos pela primeira vez e estático no velório, enquanto apoia-se em uma bengala; Ron Dennis abraçando-o e sorrindo após sua última vitória na Austrália no fim da temporada anterior e incrédulo , com olhos fixos e sem reação, tal qual Frank Williams, Xuxa, Prost e Adriane Galisteu.

Ayrton Senna da Silva
21-03-1960 / 01-05-1994
“Nada pode me separar do amor de Deus”.